No ano passado, acidentes com minas terrestres mataram 34 pessoas e feriram outras 43 em Angola, segundo dados do governo local. Em 2012, os artefatos também já provocaram vítimas. Só na província do Bié, região central de Angola, sete pessoas morreram este ano.

Desde o fim da guerra civil no país, em 2002, autoridades trabalham para a desativação dos artefatos. Nas próximas semanas, este trabalho ganhará um reforço importante,com a utilização de ratos detectores de minas terrestres, ou MDR na sigla em inglês.

Os roedores são treinados pela organização não governamental Apopo, registrada na Bélgica e com sede na Tanzânia. É lá, no país africano, que os "ratos heróis", como são chamados, aprendem a salvar vidas.

“Eles são levados filhotes e então nós os treinamos a detectar minas terrestres pelo cheiro dos explosivos. Este processo leva aproximadamente nove meses e é exatamente da mesma forma que se treina cachorros”, explica o responsável pela área de minas terrestres da Apopo, o neozolandês Tekimiti Gilbert.

Vantagens

Os ratos usados pela Apopo são da espécie Giant Gambian Pouch Rats, ou Ratos Gigantes da Gâmbia. Tekimiti Gilbert explica que esse roedor é bem diferente das espécies mais conhecidas. “Eles têm o tamanho de um gato pequeno e pesam provavelmente de um a três quilos. Os ratos são encontrados em países da África, como Moçambique.”

Segundo a ONG Apopo, os ratos têm algumas características que ajudam no trabalho de deteção de minas terrestres se comparados, por exemplo, com cachorros.

Os roedores têm um faro apurado e o peso deles não é suficiente para detonar os explosivos. Além disso, os ratos são sociáveis e aprendem rápido de acordo com a Apopo. A organização cita ainda que os animais, resistentes a muitas doenças, são motivados por comida e, portanto, não ficam apegados aos manipuladores, o que acontece com os cachorros.

Trabalho em Angola

Vinte ratos detectores de minas chegam nesta semana em Angola. Eles deverão ser encaminhados para a província de Malanje, uma das regiões que foi muito afetada pela guerra civil angolana. Antes de os roedores entrarem em ação, a Apopo treinará durante duas semanas os chamados manipuladores dos animais. Pelo menos quinze angolanos receberão o treinamento que deve ter início no próximo dia cinco de novembro. A expectativa de Tekimiti Gilbert é iniciar o trabalho no começo de dezembro.

Os ratos da organização não governamental Apopo também já ajudaram na deteção de minas terrestres em Moçambique, em 2006.
 

Autor: Wellington Carvalho
Edição: António Rocha