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28 de Setembro de 2012
A IMPORTÂNCIA DA CONSTÂNCIA

Escrito por Dora Lorch

criancasO que você lembra da sua infância? De um dia especial ou do dia-a-dia, o aroma do café andando pela casa, do pão quentinho com manteiga, dos seus pais na mesa conversando, ou brigando ou lendo o jornal? Da correria para ninguém perder a hora…


Do que você lembra da casa onde foi criado? Lembra de uma situação especial ou das coisas que aconteciam todos os dias?


Posso dizer, sem medo de errar, que as pessoas lembram de cenas corriqueiras, daquilo que se repetia, e por isso mesmo davam a sensação de conhecido, do acolhimento. Por isso ficamos tão saudosos de certos pratos que comíamos quando pequenos: aquele cheiro, aquele sabor, vem associado com sentimentos familiares, de segurança, de confiança.


Todos nós reclamamos da rotina, daquelas coisas que sempre acontecem igual. Reclamamos que queremos que a mãe da gente faça um prato diferente, que o natal seja de outro jeito, que todo fim de semana vamos encontrar as mesmas pessoas, familiares ou amigos. Mas ao longo dos anos é esta rotina que nos ensina quem somos, de onde viemos, e tecem o pertencimento.

É nesta repetição que o caráter e a têmpera das pessoas é forjada: em casas onde todos trabalham, onde é reconhecido o esforço, todos aprendem a lutar; nas famílias onde o que prepondera é levar vantagem em cima dos outros, os filhos aprendem a colar, a conseguir as coisas através de conhecidos ou da ameaça.


Juvenal, era um menino legal, apesar de um pouco folgado. Na sua casa os pais valorizavam estudar, se esforçar. E Juvenal foi assim até a adolescência, aí… bem, aí ele começou a perceber que tinha um monte de menina bonitinha, que o achavam simpático, que queriam saber o que ele pensava.

Juvenal foi deixando a escola de lado, os compromissos de lado, e quando a mãe dele se deu conta, Juvenal estava a deriva, sem rumo nenhum.  Aí os pais desesperados foram em busca de ajuda.


Na verdade os pais hoje em dia tem pouco tempo de convivência com os filhos, em vez de sentarem junto para jantar e conversar, as refeições são desencontradas, ou os filhos comem mais cedo porque os pais chegam muito tarde, ou as refeições se dão em volta da televisão e do último capítulo da novela. O problema não é a novela, mas a falta de diálogo, a falta de comunicação entre o que os pais estão vendo e pensando, e o que as crianças estão vendo e pensando. Entre o que aconteceu no dia de cada um e de como lidar com os problemas que aparecem.


Então, o Juvenal coitado, foi ficando largado, largado. Mas os pais não percebiam isso. Achavam que a convivência mesmo que sem palavras ajudava. Na verdade, ajudar ajuda, mas se conversasse seria bem melhor. E aí entramos nós do Florescer dizendo que precisávamos ajudar o menino, mas que isso levaria um tempo.

E não é que os pais ficavam bravos querendo que a coisa se resolvesse rápido?!


A postura dos pais é essencial neste resgate.

Se os pais forem muito rígidos, se falar a verdade ou mentir resultarem no mesmo castigo, então os filhos tenderão a mentir ( porque não vale a pena contar a verdade). Se os pais não colocarem limites, os filhos não conseguirão crescer porque não saberão o que conseguem e o que não conseguem fazer.

Se os pais forem flexíveis podem pecar por mudarem as punições a tal ponto que os filhos não saberão o que esperar. Acho que esta é a falha mais comum na educação dos filhos: a inconstância. E por causa disso, e da aflição dos pais que não aguentam esperar os resultados, muitos filhos acabam abandonados a sua sorte. Isso mesmo, quando os pais acham que não aguentam mais, o resultado são filhos abandonados. E acreditem crianças e adolescentes não sabem o que fazer, e precisam de parâmetros seguros.


Educação exige constância, firmeza, valores que não mudam nem se curvam.


Educação exige esforço.


Educação normal e formal ( aquela que nós aprendemos na escola) é uma construção diária. Os filhos não sabem disso. Nós precisamos ensinar, e ensinamos não desistindo, ajudando e confiando que aquela criança vai ser cada dia melhor. Ensinamos fazendo tudo igual todos os dias até que nossos filhos acordem. Nestes casos a constância é fundamental.


E vale a pena.

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Dora Lorch

Psicóloga clínica, mestre em psicologia pela PUC-SP. Além da clínica, trabalhou em vários projetos sociais como "Associação Novas Trilhas" e "Sou da Paz", melhorando o relacionamento entre pais e filhos. Escreveu um livro para crianças com Ruth Rocha e um para adultos chamado "Como educar sem usar a violência". É sócia da Delfos Prevenção em Psicologia e sócia fundadora da OSCIP Fábrica do Futuro, onde coordena o projeto Florescer da Fábrica em parceria com a Liga Solidária.

Conheça o blog da Dora Lorch - aqui

No Twitter - @doralorch


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